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Crescimento irá dobrar para indústria de fundição

Após crescimento de 3% no ano passado em relação a 2018, a indústria brasileira de fundição projeta dobrar este índice em 2020, superando a marca de 2,5 milhões de toneladas, das quais em torno de 80% são vendidas no mercado interno. A visão otimista de Afonso Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), deve-se especialmente à expectativa em torno de obras de infraestrutura, públicas e privadas, com destaque para saneamento, rodovias e ferrovias. "Nosso setor tem envolvimento muito forte com os fornecedores de equipamentos para a realização destas obras. Acredita-se num incremento forte no mercado de veículos fora-de-estrada", avaliou. Outra atividade citada por Gonzaga é a construção civil, que também movimentará a cadeia de veículos pesados.
O resultado do ano passado é avaliado como razoável por Gonzaga, reconhecendo que poderia ter sido melhor não fosse a demora na aprovação de reformas, como trabalhista e da Previdência. "O atraso inibiu a confiança dos investidores. Mas estamos no caminho certo. Basta ver o salto da Bolsa de Valores, de 38 mil para 108 mil pontos", avaliou.
A projeção da Abifa é de crescimento contínuo da produção no período de 2020-2023, ano em que a produção deve alcançar 3,2 milhões de toneladas. Ainda assim abaixo do melhor momento dos últimos 10 anos, de 3,3 milhões de toneladas em 2008. O pior período do setor foi o de 2016, com produção limitada a 2,1 milhões de toneladas, equivalente a utilização de 52% da capacidade instalada.
De acordo com Gonzaga, o setor tem capacidade instalada suficiente para atender ao crescimento de mercado, sem necessidade investimentos na ampliação. Mas alerta para possíveis problemas com o suprimento de energia. "O setor é muito dependente deste insumo. Por isso, a preocupação com oferta, mas também com o custo, que é elevado", reforça.
A indústria de fundição exporta média anual de 20% de seus produtos. Em 2019, o índice deve chegar aos 22%, mesmo com a crise na Argentina, um dos principais compradores. Gonzaga cita que o país vizinho era responsável por absorver cerca de 30% das carcaças de motores fabricadas no Brasil. "As relações estão meio confusas, mas a Argentina é um parceiro importante. Os governos terão de encontrar soluções", ressalta. Já antevendo demora nas discussões governamentais, várias empresas prospectam novos mercados.
De acordo com o estudo Modern Casting, publicado em dezembro de 2018, o Brasil ocupava a 10ª posição no ranking dos maiores produtores de fundidos, que é liderado pela China com 26 mil empresas, respondendo por mais de 50% do total mundial, e produção de 49,4 milhões de toneladas. Em torno de 81% da produção brasileira é de fundidos em ferro, 11% em aço e 8% em não ferrosos. O setor automotivo responde por 50% das compras. Quando acrescidas máquinas rodoviárias e equipamentos ferroviários, o índice sobe a 63%. Bens de capital participam com 11,7%. O restante se divide em infraestrutura, siderurgia, mineração e açúcar e álcool, dentre outros.

Oferta de minérios favorece atividade no País

Segundo o presidente da Abifa, Afonso Gonzaga, o Brasil tem um grande potencial, principalmente por deter praticamente todos os minérios usados na fundição. "O que precisamos é mais investimentos em tecnologia e inovação", projeta.

Em paralelo ao avanço tecnológico, o setor terá de investir no quadro de funcionários. De acordo com o presidente da Abifa, várias funções hoje realizadas manualmente, como moldagem e acabamento, serão automatizadas, levando à necessidade de colaboradores mais escolarizados e qualificados. A atividade já chegou a empregar perto de 68 mil pessoas em 2011, número que caiu para 50 mil em 2016 e, no ano passado, fechou em 56 mil.

Outra questão crucial é o movimento de redução de peso dos veículos, que exige investimentos em novas ligas. "Isto já está ocorrendo. No passado, o bloco de motor pesava 300 quilos; hoje, 150. Mas a principal dúvida é sobre os impactos do carro elétrico nas fundições", alertou.

Acredita, no entanto, que a consolidação deste modelo só ocorrerá entre 2045 e 2050. Até lá, segundo ele, será preciso resolver questões como o que fazer com os combustíveis atuais, como gasolina e diesel, e a oferta de energia para recarga de baterias. "Creio que o problema da bateria está resolvido com o uso do grafeno e a maior resistência do aço com o nióbio. O Brasil tem muito a ganhar com isto, pois detém as maiores reservas mundiais destes minérios", destacou.

Fonte: Jornal do Comercio e ABIFA